Carta de amor a AK

Rafael Salles
2 min readMay 17, 2020
Le Petit Soldat (1963)

Anna, foste tu a musa de gênios e miseráveis, a vênus de mentes dispostas a trabalharem mil horas a fio por ti. Hoje somes da existência com todo o pesar do mundo consigo; a alegria, as lágrimas, o charme, a intensa certeza de que o mundo foi um lugar melhor por teres dividido da tua vida conosco.

Vais e leva junto meu coração amargo que hoje pesa em pranto eterno, que conversa com a ausência e abraça o vazio; olho ao céu e em meio ao breu, há a estrela que mais brilha de volta a mim.

Mas que a abstração não seja nunca maior que a lembrança da felicidade que um dia existiu, que a luz dos olhos que a sempre esteja a brilhar e a joie de vivre siga aqui, a transcender o ecrã ou aquecer a lembrança carinhosa de quem te sente.

Sendo Julie, Suzanne, Marie, Sarah, Nana, Marianne, Anna, Elenitza, Natacha, Paula, Odile, Valérie, Angela, Veronica, Hélène, Irene ou uma atriz sem nome em um curta-metragem mudo; sendo artista, estudante, freira, atriz ou prostituta; sendo mulher, pessoa, personagem e real. Sendo tu, Anna – ou Hanna – o âmago da vida em sua mais bela fantasia.

Por ora já sinto sua falta, e carregarei a saudade comigo enquanto viver. Obrigado por tudo.

Recife, 14 de dezembro de 2019

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